Cafeterias em crise? Por que grandes marcas estão pedindo recuperação judicial no Brasil

Participação de Fernando Canutto no Portal Terra.

Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, pondera que, além do fechamento forçado de suas lojas por longo período e a redução do fluxo de clientes em áreas comerciais e de escritórios, os produtos vendidos em cafeteria não se adequam bem ao delivery. Soma-se a isso o fato de as lojas estarem em locais de alto custo.

“Não há grande dificuldade em descongelar um pão de queijo, levá-lo ao forno e ter, em poucos minutos e por um preço muito menor, o produto igual ao da cafeteria. Como cereja do bolo, muitas unidades de cafeterias estão localizadas em áreas de alto custo, como shoppings e centros comerciais, onde os aluguéis são elevados e contratos rígidos, dificultando a renegociação em tempos de crise”, diz Canutto.

Modelo de negócio

Os especialistas ouvidos pela reportagem acreditam que o modelo de negócio das cafeterias precisa ser repensado. Com a expansão acelerada e mal planejada, muitas redes de cafeterias adotaram estratégias agressivas, abrindo novas unidades sem uma análise detalhada da viabilidade financeira de cada local.

“Muitos destes locais são de alto custo ou de baixo tráfego de clientes, resultando em baixa rentabilidade, evidenciando falhas no controle de custos operacionais e na gestão eficiente do estoque, especialmente de produtos perecíveis”, analisa Fernando Canutto.

Flavia Mardegan avalia que o segmento precisa encontrar novamente seu público e pensar no estabelecimento como um ponto de encontro, agregando serviços e produtos que despertem o interesse das pessoas.

“Ir a esses estabelecimentos não pode somente ser para tomar café. É preciso entregar algo mais, é preciso rever sua proposta de valor e realinhá-la às expectativas do cliente”, sugere.

Veículo: Portal Terra.