As autoridades do Banco Central Europeu (BCE) começaram a discutir a possibilidade de reduzir as taxas de juros para estimular a economia, o que representaria uma mudança na política monetária após anos de medidas restritivas. Até então, o BCE vinha perseguindo uma postura neutra, na qual nem desacelerava nem estimulava o crescimento, buscando manter a inflação estável. No entanto, com a economia europeia em rápido declínio e a inflação abaixo das previsões, algumas autoridades consideram que medidas mais agressivas podem ser necessárias.
Apesar de ainda não haver consenso, a discussão está ganhando força, especialmente com o risco de a inflação continuar abaixo da meta, como ocorreu por quase uma década antes da pandemia. Um grupo crescente de autoridades argumenta que o BCE está atrasado em agir e que cortes de juros mais profundos seriam necessários para evitar que a inflação permaneça muito baixa. Elas também defendem uma revisão da estratégia “reunião por reunião” e o abandono da ênfase em taxas restritivas como sinal de uma postura mais proativa.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, reconheceu que não há consenso sobre o nível exato da chamada taxa neutra, que é considerada não observável. Estimativas variam, com o Fundo Monetário Internacional colocando a taxa neutra em 2,5%, enquanto a equipe do BCE acredita que ela esteja mais próxima de 2%. Essa incerteza torna o debate mais complexo, já que a diferença entre as estimativas pode resultar em até três cortes nas taxas de juros.
O argumento principal para a redução das taxas é o fraco crescimento econômico, que ainda não mostrou sinais de recuperação. A percepção é de que o BCE, mantendo as taxas altas, está restringindo a economia mais do que o necessário, o que está deprimindo a demanda. Sem uma retomada do crescimento, a inflação doméstica também desacelerará, e o mercado de trabalho poderá enfraquecer, exacerbando a pressão de baixa sobre os preços.
Em resumo, o BCE enfrenta um dilema: manter uma postura neutra ou adotar cortes de juros mais profundos para evitar uma recessão prolongada e uma inflação persistentemente baixa. As próximas decisões do Banco Central serão cruciais para determinar o rumo da economia europeia nos próximos anos.
Por: Igor Simoni Ilinsky.
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